Depois de publicada a análise das escolhas de loteria, chegou a hora de apresentar as avaliações das picks restantes de primeira rodada.
Antes da segunda e última parte da análise do recrutamento, gostaria de deixar registrado o agradecimento de toda a equipe do Jumper Brasil a vocês, caros leitores, que tanto nos prestigiaram nas postagens sobre o draft durante toda a temporada.
Somente nesta semana do recrutamento, tivemos mais de 680 mil visualizações de páginas, um recorde do site. Vocês não fazem ideia do quanto isso é gratificante. A responsabilidade de apresentar um bom conteúdo só aumenta a cada ano – e olha que o Jumper Brasil já está na batalha desde 2007. Nos vemos na próxima temporada, com mais uma cobertura sobre o draft da NBA.
15. Washington Wizards via Atlanta Hawks – Kelly Oubre Jr. (SG/SF, Kansas 19 anos)
E temos a primeira troca da noite do draft. O Hawks negociou a escolha 15 pela 19 e duas futuras picks de segunda rodada. Com isso, o Wizards escolheu o ala Kelly Oubre Jr. Considerado um projeto de médio e longo prazo, ele poderá ter minutos em quadra já em sua primeira temporada caso seja confirmada a saída do veterano Paul Pierce. Oubre tem uma ótima mecânica de arremesso e atributos físico-atléticos que evidenciam seu potencial defensivo. Mas sua personalidade difícil (muita marra) e a inconsistência dentro de quadra levantam dúvidas. Aposta arriscada.
16. Boston Celtics – Terry Rozier (PG, Louisville, 21 anos)
Não acredito até agora nessa escolha. Não é possível que o Celtics não tenha uma negociação engatilhada envolvendo um de seus armadores (leia-se Marcus Smart). Selecionar Rozier, mais um armador dotado de atributos físico-atléticos de elite, apurados instintos defensivos, mas que não tem a visão de quadra esperada para um jogador da posição e ainda é dono de um arremesso inconsistente. Praticamente um Marcus Smart piorado. E olha que o time de Boston ainda tem Isaiah Thomas n armação. Com Bobby Portis disponível e uma carência evidente no garrafão, fica difícil entender a opção do time do Celtics por Rozier. Alguém me convença do contrário, por favor.
17. Milwaukee Bucks – Rashad Vaughn (SG, UNLV, 18 anos)
Todo mundo esperava que, após a saída de Ersan Ilyasova, o Bucks fosse atrás de um ala-pivô no recrutamento. Bobby Portis e Kevon Looney, dois prospectos bem cotados pela franquia, até estavam disponíveis aqui, mas o time resolveu seguir outro caminho, que eu entendo perfeitamente. Vaughn é um ala-armador que pode ajudar o Bucks a resolver uma de suas grandes carências: a falta de um bom arremessador do perímetro. Por ser ainda muito jovem, ele apresenta grande potencial de desenvolvimento e não deverá ver muitos minutos em quadra em 2015/16, pois O.J. Mayo ainda tem um ano de contrato. Mas a partir de 2016/17, Vaughn poderá ter um papel mais relevante na equipe. O certo é que o Bucks possui um elenco numeroso e não tem pressa em desenvolver o ala-armador. Portanto, pode ter sido um steal por parte do time de Milwaukee.
18. Houston Rockets – Sam Dekker (SF, Wisconsin, 21 anos)
O Rockets fez uma promessa ao armador Tyus Jones. Foi o que ouvimos nas últimas semanas e, agora, percebemos que isso não passou de mais um rumor. O time de Houston tem a necessidade de adicionar um armador ao plantel (Patrick Beverley é agente livre e Pablo Prigioni, de 38 anos, vai para o último ano de contrato), mas vai fazer isso através da agência livre, tanto que o espanhol Sergio Llull deverá ser um dos reforços da equipe na offseason. Quanto ao recrutamento, o Rockets foi atrás de um dos melhores talentos disponíveis. O GM Daryl Morey dificilmente decepciona em draft. Dekker é um ala atlético e versátil dos dois lados da quadra, que não precisa da bola nas mãos para ser eficiente e sabe se movimentar com inteligência. Mas vale dizer que ele é um dos prospectos mais inconstantes da turma, especialmente no que se refere ao arremesso. O Rockets poderá precisar da ajuda de Dekker de imediato caso o ala Corey Brewer resolva testar o mercado e deixe a equipe.
19. Atlanta Hawks via Washington Wizards – Jerian Grant (PG/SG, Notre Dame, 22 anos)
Na segunda troca da noite, o Hawks, que havia angariado a escolha 19 em uma negociação com o Wizards, cedeu a pick ao Knicks, que, por sua vez, liberou o ala-armador Tim Hardaway para o time de Atlanta. Com a escolha, a equipe novaiorquina decidiu selecionar o armador Jerian Grant, que chega à NBA depois de passar quatro anos no basquete universitário. Capaz de atuar nas posições 1 e 2, o ex-jogador de Notre Dame ataca a cesta com facilidade, tem visão de quadra apurada, é excelente no pick and roll e mostra eficiência jogando sem a bola nas mãos. Por isso, acho que o Knicks foi muito bem na troca. Hardaway Jr. não vai deixar saudades no Madison Square Garden e a equipe ganhou um armador que pode ser eficiente no sistema dos triângulos ofensivos de Phil Jackson.
20. Toronto Raptors – Delon Wright (PG/SG, Utah, 23 anos)
Ao negociar Greivis Vasquez com o Bucks pela escolha 46 (Norman Powell) e uma pick protegida de segunda rodada do draft de 2017, a equipe canadense deu sinais de que poderia selecionar um armador no recrutamento. E o escolhido foi Delon Wright, e não Tyus Jones, que ainda estava disponível. Wright é um jogador mais experiente que Jones – jogou por quatro anos no basquete universitário – e pode contribuir de imediato com o Raptors. Irmão de Dorell Wright, ala do Portland Trail Blazers, Delon é um armador alto capaz de jogar nas posições 1 e 2 e que se destaca pelo ótimo controle de bola e trabalho de pernas. Além disso, ele sabe comandar o ataque em diferentes ritmos e é um grande defensor. Mas a sua mecânica de arremesso deixa muito a desejar.
21. Dallas Mavericks – Justin Anderson (SG/SF, Virginia, 21 anos)
Sinceramente, achei que o Mavs fosse escolher um armador, ainda mais com Tyus Jones disponível. Não foi o que aconteceu. Talvez o time de Dallas tenha um alvo no mercado de agentes livres. A equipe texana optou por reforçar as alas. Anderson foi brilhante nos arremessos de longa distância na última temporada da NCAA – aproveitamento de 45.2% – e a esperança do Mavs é que ele continue sendo eficiente na NBA. Além do chute de fora, Anderson é um defensor versátil, já que tem excelente agilidade lateral e movimento de pés refinados para defender jogadores do perímetro, além de força física e envergadura para marcar jogadores maiores. Todavia, é bom dizer que seu domínio de bola ainda deixa a desejar e que ele enfrenta dificuldades para criar o próprio arremesso. Enfim, Anderson tem as ferramentas necessárias para se tornar um bom role player no Mavs. Alas atléticos que defendem bem e guardam bolas de três pontos estão em alta na NBA.
22. Chicago Bulls – Bobby Portis (PF/C, Arkansas, 20 anos)
Assim como o Miami Heat deve agradecer aos céus por ter recebido de presente o ala Justise Winslow, o Bulls deu muita sorte por Bobby Portis ter sobrado aqui. Era o melhor talento disponível e o time Chicago não hesitou em escolhê-lo. O ex-jogador de Arkansas faz de tudo um pouco em quadra e tem poucas lacunas em seu jogo. Ele sabe utilizar altura e envergadura para destacar-se nas duas extremidades da quadra, não foge do contato físico e atua sempre com muita disposição. A seleção de Portis pode significar uma possível saída do ala-pivô Taj Gibson (que seria importante para que o Bulls tivesse espaço na folha salarial para renovar com Jimmy Butler). Se a equipe de Chicago mantiver Joakim Noah, Pau Gasol, Nikola Mirotic e Gibson, Portis vai ter pouquíssimo tempo de quadra em 2015/16. O Bulls não tem carência no garrafão, mas optou pelo melhor jogador disponível. Não tenho como criticar a direção da equipe, já que Portis é um dos jogadores mais subestimados da classe deste ano.
23. Brooklyn Nets via Portland Trail Blazers – Rondae Hollis-Jefferson (SG/SF, Arizona, 20 anos)
E temos mais uma troca na noite do draft. O Blazers enviou para o Nets a escolha 23 (o ala Rondae Hollis-Jefferson) junto com o contrato expirante do armador Steve Blake e, em contrapartida, recebeu o pivô Mason Plumlee e a escolha 41 (o ala Pat Connaughton). Hollis-Jefferson é um dos melhores defensores da turma deste ano e tem atributos físico-atléticos de elite. Capaz de defender até quatro posições, o ala é o tipo de jogador que todo treinador gostaria de ter no time, pois não desiste de nenhuma jogada, não foge do contato físico e mostra mentalidade vencedora. Se tivesse um arremesso minimamente confiável, ele seria escolha de loteria. Hollis-Jefferson deve abocanhar os minutos que seriam de Alan Anderson, ala que vai testar o mercado nesta offseason. Enfim, o GM Billy King merece elogios pela aquisição de RHJ.
24. Minnesota Timberwolves via Cleveland Cavaliers – Tyus Jones (PG, Duke, 19 anos)
Antes do recrutamento, a dúvida era se o Cavs manteria a escolha e selecionaria um prospecto internacional que não viria de imediato para a NBA ou se venderia a pick. Tudo para aliviar a folha salarial, já que uma offseason pesada vem pela frente. Em troca das escolhas 31 e 36, que viriam ser o ala turco Cedi Osman e o pivô Rakeem Christmas, cujos contratos não são garantidos, e de uma escolha de segunda rodada do draft de 2019, o time de Cleveland cedeu a pick 24 ao Timberwolves. Com a escolha nas mãos, o time de Minnesota decidiu selecionar um armador. Jones chega para ser o terceiro armador da equipe, atrás de Ricky Rubio e Zach Lavine. O ex-jogador de Duke tem técnica apurada, prioriza o passe, cuida da bola e mostra eficiência no pick and roll. Mas ele não tem atributos físico-atléticos ideais, além de apresentar dificuldade para atacar a cesta e defender. E tem mais um detalhe: Jones é natural de Minnesota. Portanto, vai jogar em casa. Acho que a troca foi boa para ambos os lados.
25. Memphis Grizzlies – Jarell Martin (PF/SF, LSU, 21 anos)
O rumor que circulava há alguns dias era o de que Jarell Martin tinha a promessa de ser escolhido na primeira rodada. E não deu outra. Selecionado pelo Grizzlies, o ex-jogador de LSU é um ala versátil capaz de atuar nas posições 3 e 4, que tem atributos físico-atléticos de elite, explosão e o corpo pronto para encarar a NBA. Grande reboteiro, especialmente no ataque, ele poderá ter sérias dificuldades na NBA pelo fato de estar preso entre duas posições. Como o time de Memphis ainda tem no elenco Zach Randolph, Jeff Green e Jarnell Stokes, Martin deverá ter pouquíssimo tempo de quadra em seu primeiro ano na liga. Acho que a melhor opção para o Grizzlies aqui seria o ala-armador R.J. Hunter, já que a equipe carece de arremessadores do perímetro. Enfim, selecionaram um jogador que não é tão talentoso assim e de uma posição que o time não precisa se reforçar.
26. San Antonio Spurs – Nikola Milutinov (C, Sérvia, 20 anos)
Spurs selecionando prospecto internacional? Quantas vezes já vimos esse filme? A franquia de San Antonio é, historicamente, a que mais seleciona jogadores estrangeiros e, neste ano, a tradição foi mantida. Como tem planos ambiciosos nesta offseason (leia-se contratar LaMarcus Aldridge e renovar com Kawhi Leonard e Tim Duncan), a equipe texana optou por um jogador que não virá de imediato para a liga e, assim, não compromete a folha salarial. O escolhido foi Nikola Milutinov, um pivô sérvio que se move bem para um cara do seu tamanho (2.14m), é eficiente no pick and roll e tem um bom passe. Ele tem contrato com o Partizan até o ano que vem e só deverá vir para a NBA na temporada 2016/17.
27. Los Angeles Lakers – Larry Nance Jr. (PF, Wyoming, 22 anos )
Depois de selecionar o armador D’Angelo Russell na segunda escolha, o Lakers decidiu reforçar o garrafão com a pick 27. Mesmo com prospectos como Kevon Looney e Montrezl Harrell ainda disponíveis, o time angelino selecionou um jogador que foi pouco falado no período pré-recrutamento: o filho do lendário Larry Nance (que teve o número 22 retirado pelo Cleveland Cavaliers). Larry Nance Jr. é um ala-pivô muito atlético e excelente passador. Segundo relatos de fontes ligadas ao Lakers, ele foi excelente no treinamento para a franquia, que é o único motivo que me leva a crer que o time tenha optado por ele e não Looney ou Harrell. Só que Nance deverá ter pouquíssimo tempo de quadra em seu primeiro ano na NBA, já que Julius Randle volta de lesão e o Lakers pretende se reforçar com um jogador da posição nesta offseason.
28. Boston Celtics – R.J. Hunter (SG, Georgia State, 21 anos)
Depois de fazer uma escolha questionável na pick 16, o Celtics novamente selecionou um jogador de perímetro. Hunter é um versátil arremessador, dono de uma sólida mecânica de chute e que ainda tem boa visão de quadra. No entanto, seus atributos físicos deixam a desejar e seu jogo ofensivo é centrado basicamente nos arremessos de média e longa distância. A essa altura, Hunter foi um steal para o time de Boston. O problema é que o perímetro do Celtics, especialmente na posição 2, já está cheio de opções (Avery Bradley, Evan Turner e James Young). Por isso, Hunter terá pouco tempo de quadra em seu primeiro ano na NBA.
29. Brooklyn Nets – Chris McCullough (PF, Syracuse, 20 anos)
Após fechar a troca com o Blazers e angariar o ala Rondae Hollis-Jefferson, o Nets decidiu reforçar o garrafão com a pick 29. E o jogador escolhido ainda se recupera de uma grave lesão ligamentar no joelho direito. Chris McCullough foi um dos destaques de Syracuse enquanto se manteve saudável (16 jogos para ser exato). Ele é um ala-pivô muito atlético que tem a capacidade de espaçar a quadra e proteger bem o aro. Se não fosse o problema da lesão, McCullough poderia até ter sido escolha de loteria. Só que ele ainda é um jogador muito cru, um projeto de médio e longo prazo, o que não deve incomodar o time novaiorquino. A recompensa aqui pode ser grande. O Nets acredita tanto em McCullough que deixou passar Kevon Looney e Montrezl Harrell, outras boas opções na posição 4.
30. Golden State Warriors – Kevon Looney (PF/SF, UCLA, 19 anos)
O atual campeão da NBA teve direito à última escolha e, por sinal, teve muita sorte de encontrar um prospecto de muito potencial disponível na pick 30. Looney chegou a ser cogitado há alguns meses como escolha de loteria. Só que uma lesão no quadril assustou algumas equipes e ele sobrou no final da primeira rodada. O Warriors, que já tem uma base formada, não hesitou em apostar no talento, que é um projeto de médio e longo prazo. O intrigante Looney é um excelente reboteiro ofensivo e defensor versátil capaz de espaçar a quadra. Além disso, é preciso dizer que ele possui ótima altura e envergadura para atuar nas posições 3 e 4. Enfim, o time de Oakland foi muito bem aqui. Mais um steal da primeira rodada.
Principais jogadores esnobados da primeira rodada
32. Houston Rockets – Montrezl Harrell (PF, Louisville, 21 anos)
33. Boston Celtics – Jordan Mickey (PF, LSU, 20 anos)
34. Los Angeles Lakers – Anthony Brown (SF, Stanford, 22 anos)
36. Cleveland Cavaliers – Rakeem Christmas (C, Syracuse, 23 anos)
43. Indiana Pacers – Joseph Young (PG/SG, Oregon, 22 anos)
48. Oklahoma City Thunder – Dakari Johnson (C, Kentucky, 19 anos)
51. Orlando Magic – Tyler Harvey (SG, Eastern Washington, 21 anos)
Principais jogadores esnobados até da segunda rodada
Christian Wood – (PF, UNLV, 19 anos)
Robert Upshaw – (C, Washington, 21 anos)
Cliff Alexander – (PF/C, Kansas, 19 anos)
Jonathan Holmes – (SF/PF, Texas, 22 anos)
Mouhammadou Jaiteh – (C, França, 20 anos)
Aaron Harrison – (SG, Kentucky, 20 anos)
Michael Frazier II – (SG, Florida, 21 anos)
T.J. McConnell – (PG, Arizona, 23 anos)
Legenda
PG: armador
SG: ala-armador
SF: ala
PF: ala-pivô
C: pivô